Exportações apresentaram recordes em 2022, segundo estimativas da CNI. Na produção, o Brasil não conseguiu reverter tendência e registrou leve queda
As relações comerciais do Brasil com o restante do mundo ganharam fôlego. Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que o desempenho da indústria de transformação brasileira foi positivo em 2022 nas exportações, ao contrário dos resultados nos anos anteriores. Com a melhora da performance, o Desempenho da Indústria no Mundo estima que o país avance duas posições no ranking mundial de exportações industriais, subindo de 28º para 26º lugar e ultrapassando a Suécia e a Indonésia.
Os principais dados são:
A exportações mundiais de bens da indústria de transformação brasileira passaram de 0,84%, em 2021, para 1,05%, em 2022;
Esse é o maior nível desde 2012, quando foi iniciada uma tendência de queda;
O avanço é resultado do aumento das exportações brasileiras no ano passado, que atingiram níveis recordes.
Já na produção mundial da indústria de transformação, o Brasil tem registrado queda em sua participação desde 1996. De 2021 para 2022, a participação seguiu praticamente estável, de 1,21% para 1,20%, e ficou na 16ª posição no ranking mundial, mantendo a tendência de queda.
“O início de sinais positivos nas exportações para indústria da transformação reforça a necessidade de continuarmos trabalhando numa agenda estratégia de comércio exterior, que enfrente os desafios internos de competitividade e que também aumente e melhore a agenda de integração internacional com acordos comerciais do Brasil, como o do Mercosul e União Europeia”, afirma a gerente de Comércio e Integração Internacional da CNI, Constanza Negri.
Aumento das exportações foi superior ao mundial
Em 2022, o Brasil apresentou valor recorde de exportações da indústria de transformação. Esse aumento foi impulsionado pela desvalorização do real, o que tornou o mercado externo mais atrativo. Além disso, esse crescimento também pode ser interpretado como exportação de produção excedente, já que a produção doméstica ficou praticamente estável.
O aumento das exportações brasileiras em 2021, de 26,53%, foi maior do que o mundial, de 24,74%). Para 2022, a estimativa de crescimento para as exportações brasileiras é de 23,44%, o que se diferencia consideravelmente do resultado global desse período, de recuo de 0,44%.
No caso dos principais parceiros comerciais do Brasil, para 2022, o destaque é a previsão de um tímido aumento de 0,73 p.p. na participação dos Estados Unidos nas exportações globais de bens da indústria de transformação em relação a 2021, alcançando 8,80%. Com esse resultado, o país deve se manter na segunda colocação no ranking mundial, atrás da China, que deve chegar a 18,21%.
Apesar de reduções nas participações, Alemanha e o Japão devem continuar em posições de destaque no ranking dos maiores exportadores mundiais de bens da indústria de transformação, mantendo no terceiro e quarto lugares, respectivamente.
Participação brasileira na produção industrial do mundo se mantém
A participação do Brasil na produção mundial da indústria de transformação permaneceu praticamente a mesma entre 2021 e 2022, variando de 1,21% para 1,20%. Ainda assim, de acordo com a estimativa, o percentual é o mais baixo da série histórica iniciada em 1990 e manteve o país na 16ª posição do ranking mundial.
A trajetória de queda da participação brasileira na produção mundial da indústria de transformação acontece desde 1996, e em 2022, essa tendência não se reverteu. Embora o país tenha permanecido entre os 10 principais produtores industriais até 2014, entre 2014 e 2016 perdeu posições para o México e para a Indonésia, uma consequência da recessão e da desvalorização do real. Depois, em 2018 e 2019, foi ultrapassado por Taiwan e Rússia e, em 2021, pela Turquia e pela Irlanda.
Em relação aos principais parceiros comerciais do Brasil, a Índia registrou um tímido aumento de 0,13 p.p. no valor adicionado da indústria de transformação mundial entre 2021 e 2022, considerada a maior parcela entre os parceiros, ocupando o 6º lugar neste ranking mundial. Mesmo com as quedas registradas por alguns países, não houve efeitos substanciais no ranking: a China manteve a liderança, os Estados Unidos ocupam a 2ª posição e o Japão fica em 3º lugar.